O papel dos pais na educação pode despertar diversas dúvidas. Afinal, é comum que essa responsabilidade seja atribuída apenas para a escola, que é vista como a instituição responsável por gerir toda a formação da criança. Porém, a educação deve ser um trabalho em conjunto, somando os esforços dos educadores e dos responsáveis pelos pequenos.
Um exemplo da importância do papel dos pais na educação foi o período de isolamento social. Com o ensino remoto, as atividades eram elaboradas pelos professores, mas a presença dos pais como motivadores no momento de estudo foi fundamental.
Já dizia o antigo ditado: “é preciso uma aldeia para criar uma criança”. Mas diante de uma rotina puxada, qual é a forma ideal de participar ativamente da vida e educação dos filhos?
O artigo de hoje é um convite para pensarmos sobre o papel dos pais na educação e na formação dos seus filhos. O objetivo é oferecer às crianças uma formação ainda mais ampla, capaz de contemplar diversos aspectos da vida. Boa leitura!
O que é educação e porque é diferente de escolarização?
Inicialmente, se vamos tratar sobre educação, é preciso esclarecer este conceito. De acordo com a própria definição da palavra, educação é um processo contínuo de desenvolvimento do ser humano, possibilitando a formação e integração dele como cidadão na sociedade.
Dessa forma, fica nítido que a educação começa sim com os pais, pois eles são os principais responsáveis pela formação dos filhos como pessoa, desde o nascimento até a fase adulta.
Já a escolarização é um conjunto de conhecimentos adquiridos por meio da escola. Neste caso, o professor é o responsável por ensinar, pois conhece os melhores caminhos para apresentar determinados conteúdos para diferentes idades.
Assim, é comum que haja confusão entre os dois termos, já que educar é um conceito amplo e que também envolve escolarização. No Brasil, a educação é um direito do cidadão, sendo dever do Estado garantir acesso a ela, e isso também pode contribuir para que a responsabilidade de educar seja entendida erroneamente como exclusividade da escola.
Entretanto, o papel dos pais na educação deve ser lembrado e incentivado, pois os professores não podem assumir as responsabilidades que são dos pais ou guardiões. Para oferecer a melhor educação e escolarização, é preciso que a escola e a família atuem em conjunto.
O papel dos pais na educação dos filhos
Como a escolarização fica a cargo da escola, é necessário entender bem qual é o papel dos pais na educação dos filhos para que possam desempenhá-lo da melhor forma possível.
Primeiramente, uma das coisas mais fundamentais para os pais terem em mente é que serão exemplos para os filhos. Popularmente, dizemos que “crianças são como esponjas”, já que observam o comportamento dos pais e comumente tentam reproduzi-los. Então, o melhor a se fazer é buscar ser o melhor modelo possível. Ninguém é perfeito, mas é preciso ter consciência de que as atitudes dos pais refletem no comportamento das crianças, com ou sem intenção.
Por isso, o papel dos pais na educação é importantíssimo, pois pode legitimar ou rechaçar conhecimentos e valores que as crianças adquirem enquanto socializam. No processo civilizatório, a criança também será uma “esponja” de seus colegas, outros familiares e outros adultos do convívio. Os pais devem desempenhar um papel de mediadores nessa relação da criança com o mundo.
Ou seja, o papel dos pais na educação dos filhos é emocional. É o peso da relação familiar estabelecida com o mundo, com a ciência, com o conhecimento e, por isso, tão importante e determinante no direcionamento da formação dos filhos.
Qual é a importância do suporte dos pais na fase educacional?
Além da questão da mediação de comportamentos, o papel dos pais na educação é necessário para trazer inúmeras vantagens ao dia a dia escolar. Veja abaixo alguns exemplos:
- melhora da relação entre responsáveis e o colégio;
- melhoria nas políticas do colégio, graças ao feedback dos pais;
- aumento na produtividade dos alunos;
- maior integração das crianças e adolescentes com a sociedade;
- promoção de um relacionamento mais sólido entre pais e filhos.
Pais participativos na educação de seus filhos também são mais capazes de identificar possíveis problemas, como a depressão ou outras doenças (problemas de visão ou de atenção, por exemplo). Desse modo, é mais fácil fazer uma intervenção logo de início e tratar os problemas com a devida seriedade e rapidez.
Como oferecer uma boa educação?
Ao educar, o ideal é chegar a um equilíbrio. Impor limites, ensinar sobre respeito, reconhecer e corrigir erros são atitudes essenciais para a formação de uma pessoa capaz de viver em sociedade. Porém, nem só de rigidez é feita uma boa educação: também é preciso assumir o papel de incentivador da criança ou adolescente, se mostrar presente na vida dos filhos, apoiá-los e ouvir atentamente sobre seus sonhos e frustrações.
Um exemplo de participação ativa é quando os pais não somente dão a ordem “faça a lição de casa”, mas também tiram tempo para acompanhar as atividades escolares, fazer perguntas e demonstrar interesse pelo que a criança está aprendendo.
Os pais não precisam se cobrar de terem todas as respostas sobre a vida, ou saberem como ensinar os conteúdos da escola. Porém, faz parte do papel de pai e mãe motivar os filhos a serem curiosos, terem interesse pela escola, superarem desafios e dialogarem. Mesmo quando o objeto de discussão não for de conhecimento dos pais, é preciso ter coragem e sinceridade para expressar limites e incapacidades. Dessa forma, a criança também crescerá menos insegura sobre seus próprios limites.
Para conciliar a educação com a rotina do dia a dia, é possível implementar algumas medidas simples que já contam muito como participação na vida escolar. São elas:
- Monitorar sempre a agenda e o boletim, se informando sobre o que está acontecendo e observando possíveis alterações bruscas no desempenho;
- Comparecer às reuniões escolares, evitando assim o absenteísmo e favorecendo a comunicação com os docentes;
- Observar o comportamento dos filhos, atentando-se às alterações comportamentais e alertas para problemas como bullying;
- Investir em livros e incentivar a leitura, estimulando esse hábito para além da escola;
- Auxiliar nas tarefas e nos trabalhos, não entregando as respostas, mas ajudando a criança a interpretar as questões;
- Investir em atividades extracurriculares, cuidando para não sobrecarregar a rotina da criança, mas contribuindo para que desenvolva novas habilidades.
Atitudes simples como oferecer um lugar com tranquilidade para a criança estudar já é um começo para criar oportunidades de ampliar o repertório com segurança. Apesar de parecer algo pequeno, a pesquisa “Atitudes pela Educação”, divulgada pelo movimento Todos Pela Educação, mostrou que apenas 12% dos pais e responsáveis realmente se comprometem com a vida escolar dos filhos.
Família e escola: uma aliança imbatível
Em conclusão, é preciso ter a educação como um valor familiar. O papel dos pais na educação vai muito além de melhorar o desempenho escolar, mas também de oferecer o que há de melhor para o desenvolvimento pessoal e social das crianças.
Quando a criança percebe que seus pais estão em uma aliança com a escola, ela se sente muito mais protegida, conforme afirma com propriedade a professora Heloisa Zymanski, da PUC-SP. A professora é também autora do livro A Relação Família/Escola – Desafios e Perspectivas, que serve de dica de leitura para que os pais se aprofundem para além deste artigo.
Por fim, fica a mensagem para que os pais não terceirizem a educação de seus filhos. Sobre isso, o Papa Francisco é enfático: “Chegou a hora de os pais e as mães voltarem de seu exílio – porque se autoexilaram da educação dos próprios filhos – e recuperarem suas funções educativas, reapropriando-se de seus papéis insubstituíveis”. O tempo é único e não volta. Por isso, pais, apropriem-se deste tempo tão precioso e eduquem, acompanhem e cuidem bem de seus filhos, pois bem maior não há.